Estudar o funcionamento e conhecer os mecanismos biológicos celulares capazes de manter a vida, traz a cada dia novas descobertas. Em se tratando de novidades, a cosmética atual, busca trazer recursos para estimular os mecanismos biológicos no sentido da reparação e para isso, conta não somente com as novas tecnologias, mas também as novas descobertas sobre o funcionamento celular.
É sabido que um dos grandes vilões da atualidade, os radicais livres, são responsáveis por acumular toxinas, para esse caso, a detoxificação, torna-se essencial para promover a “faxina no interior da célula”.
O nosso organismo é dotado de mecanismos estratégicos e faz uso da detoxificação celular visando dar um jeito no “lixo celular” afim de resgatar a saúde e garantir a maior longevidade. A pele fica livre de rugas, hidratada e com coloração uniforme.
Um mecanismo biológico de detoxificação celular que ocorre a todo momento em nossas células que se digerem e se renovam, desfazendo e reaproveitando proteínas, é a autofagia.
Autofagia é um processo celular fisiológico de degradação e reciclagem que visa a manutenção da homeostase celular, é um processo essencial para o funcionamento da célula, também conhecida como sistema de limpeza celular.
Através deste mecanismo, as células são capazes de reciclar proteínas danificadas, agregados protéicos e organelas danificadas. O mecanismo de autofagia inicia quando uma substância que não possui mais função no interior da célula é identificada. Forma-se ao redor dela uma vesícula chamada de autofagossomo.
Somente o aprisionamento da substância não é suficiente, pois é necessário degradar o “lixo celular” antes de reciclá-lo, então os lisossomos, rico em enzimas (proteases, lipases, fosfatases, sulfatases e nucleases) promovem a digestão celular.
Os autofagossomos se fundem com os lisossomos formando os autofagolisossomos e daí em diante, o”lixo celular” será degradado pelas enzimas dos lisossomos e posteriormente liberados no citoplasma para serem reaproveitados em reações bioquímicas necessárias para o funcionamento das células.
A autofagia também é importante para degradar os melanossomas,organelas cheias de melanina (pigmento) fabricadas pelos melanócitos e liberadas no interior dos queratinócitos, que são células da epiderme (camada mais externa da pele). Graças a esse sistema, as células ficam coradas pela melanina e doam a coloração característica da pele.
Devido ao envelhecimento a autofagia é reduzida, permitindo um acúmulo maior de resíduos no interior das células que prejudicam o funcionamento e a homeostase celular.
Recente estudo comprovou que após ficarmos expostos aos raios UVA, responsável pelo bronzeamento da pele, ocorre oxidação dos fosfolipídeos de membrana e esses se acumulam no interior das células. O aumento dos radicais livres é induzido pela UV e desencadeia processos inflamatórios e lesão tecidual. A autofagia garante a eliminação destas substâncias, retardando o envelhecimento através da eliminação do excesso de lipídios e proteínas oxidados.
A função barreira da pele, conhecida como manto hidrolipídico, responsável por manter e controlar a evaporação excessiva de água e manter a pele hidratada, também é beneficiada pelo sistema de autofagia. Para que ocorra a formação da barreira lipídica na superfície da pele, é necessário que ocorra a degradação de constituintes no interior da célula. Após a degradação de tais constituintes intracelulares, os mesmo farão parte da barreira cutânea e manterão a pele mais hidratada. A autofagia é um dos mecanismo responsáveis pela degradação de substâncias que futuramente farão parte do manto hidrolipídico.
Existem no mercado ativos que possuem a capacidade de ativar o sistema de autofagia da pele, um bom exemplo é o CELLDETOX®, desenvolvido pela Silab, laboratório Francês, e distribuído no Brasil pela Galena. O CELLDETOX® é um ativo obtido por processo de biotecnologia, apresenta um mecanismo exclusivo e essencial para ativação do sistema de autofagia, ou seja, detoxificação celular cutânea.
Já a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) tem estudado os efeitos do Resveratrol e da Quercitina, componente da uva e de outras frutas. Uma combinação das duas substâncias fez células de gliomas (tumores do SNC) entrarem em senescência, processo de envelhecimento irreversível que pode culminar em autofagia e do qual as células normais se valem como forma de evitar que se tornem cancerosas. Sob o efeito dessas duas substâncias, as células tumorais se agigantaram e depois se romperam.
O Resveratrol parece perceber quando uma célula é saudável ou tumoral. Outros estudos já haviam descrito o Resveratrol como um composto capaz de deter tipos de tumores, estimular a autofagia e deter o envelhecimento.
Fonte:
1 – Revista Galena Notícias – ano XXV | Edição 170
2 – Disponível em: < http://www.ufrgs.br/labsinal/autofagia.htm > acesso: 09/10/2015
3 – Disponível em: < http://www.ufrgs.br/labsinal/autofagia.htm > acesso: 09/10/2015
4 – Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Autofagia > acesso: 09/10/2015